Conto Premiado

"45 Minutos"
- TERCEIRO LUGAR, CATEGORIA CONTO - CONCURSO DELICATTA III - Leia o texto.

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Desabafo V



O que fazer quando é necessário ir de encontro a assuntos não agradáveis? Essa foi a indagação de hoje. Quando um simples telefonema pode mudar tudo – ainda mais quando envolve família. Já pararam pra pensar no poder que determinados familiares exercem uns sobres os outros? Principalmente quando se trata de pai e mãe. Somos intruídos a pensar que estes são inatingíveis, estão sempre corretos e que tudo farão por nós, filhos. Exato, a maioria o faria mesmo. Mas e quando essa proteção deixa de ser saudável e se torna abcessiva, invasiva?

Quando isso acontece parece que o mundo vem abaixo. Num minuto a idolatração, um segundo depois a triste realidade – nossos pais são tão humanos quanto nós . E o pior de tudo? Também erram. Como já me foi dito: “Tanto Deus quanto nossos pais escrevem certo por linhas tortas”. Talvez. Mas de fato não tomam sempre as melhores decisões. Cabe a nós enfrentá-los? Essa é uma boa pergunta.

Lutar por independência é algo nato. Queremos liberdade, queremos quebrar correntes. A questão toda reside apenas em tentar fazer isso da maneira mais branda possível. Aprendi, a duras penas, que perdoar é necessário – mas também gritar, espernear, fazer barulho, bem como se calar em determinados momentos, abaixar a cabeça e engulir qualquer vestígio de orgulho. Uma pacificação as vezes vale mais que qualquer outra coisa.

Escrevo isso pensando o seguinte: mágoas tenho muitas, assim como certamente muitas causei. Hoje sinto aquele vazio que não pode ser preenchido pro nenhum outro. Aquele cantinho destinado aos que amamos incondicionalmente. É algo a ser trabalhado, e a dez anos venho fazendo isso, arduamente. A cada passo, uma espera. A cada palavra dita, uma recompensa. Não os culpo, a vida trouxe a mim somente aquilo que me é possível suportar. Quem seria eu sem tudo o que passei? E ainda, quem sou eu pra julgar alguém? Principalmente meus pais.

Não. Essa dor, esse vazio, é facilmente esquecido, quando o substituímos por lembranças intrincecas na memória – não, na alma. Mesmo que a presença não se faça física, sei que o pensamento de vocês viaja até mim dando-me força pra continuar. Cada briga, cada gesto desajeitado, foi por um bem maior. Agradeço a vocês por quem sou hoje.

Tenho orgulho de ser seu filho.

Alexandre Cesar Martins – 24 de março de 2012

Isso seria...



Um encontro ou uma despedida
Um ponto final ou uma vírgula
Uma flor a mais no quintal da primavera

Ressequida

Um ato desfigurado do destino
Cosmo gerando caos em desatino
Colisão entre gigantes destemidos

Estarrecidos

Uma mão afagando a solidão
Coração abrindo-se sem noção
Um apelo por um drinque a mais

Emoção

Ou apenas olhos corajosos
Corpos receosos por comunicação
Dois amantes em meio a confusão

Da realidade, mesmo que pela metade.

Alexandre C. Martins – 03 de maio de 2011

Compatibilidade Impagável - Homenagem - FEL_ANT


Noite à dentro, luar aberto, sem medos
Dois loucos inesperados, cantando a mesma canção
Que venha a madrugada, que latam os cães
Nessa escuridão pertinente continuamos

Conversando – sem explicação

A chamada não se faz necessária
As palavras, icontroladas, inconsequencias adoradas
Do riso ao mais tardio evento, faz-se belo o contratempo
A camera aberta da passagem aos sorrisos

Sempre inúmeros e nada contidos

Do copo cheio nasceu algo inexplicável
Compatibilidade consquistada de anteparo
Hoje mesmo não há mais vázio
Pois quando lateja a insegurança

Uma mão afaga – e o tamanco não cala

Odeio-te claro, como posso não fazê-lo
Se me és como um inevitável espelho
Um reflexo de mim pintado em devaneios
Contigo viajo, me entrego, não me calo

Você certamente me é caro

Faço de tua companhia uma segurança
Uma virtude que minha alma balança
Brinca com meu ego, grita com minha insensatez
Mas vigia-me com olhos atentos

Maestria essa que toma forma por inteiro.

Alexandre C. Martins – 26 de agosto de 2010

NAMORO, DIFERENTE DOS OUTROS - Por FEL_ANT


POR MAIS QUE EU DIGA QUE TE ODEIO
É PORQUE TE AMO
E TANTO, TANTO, TANTO
QUE AS VEZES
CHEGO ATE MESMO A TE ODIAR
POR MUITO TE AMAR
ALÉM DE QUERER SEMPRE ESTAR CONTIGO
ME SINTO NECESSITADO DISSO
É ALGO INEXPLICAVÉL
É ALGO IMODERADO
UM SENTIMENTO LOUCO
UMA AMIZADE
UM NAMORO...
MESMO QUE DIFERENTE DOS OUTROS
UMA CUMPLINCIDADE... ENFIM

Desabafo


Hoje aquele desespero tão conhecido voltou a assombrar. Dei-me conta de que os fatos precisavam ser explorados com mais afinco – não havia mais como dar de ombros, em certos momentos a realidade fala alto e cala o sonho com voz ensurdecedora. Vi-me diante do dilema do ficar, deixar estar ou abandonar o barco do amor – coisa complicada. É fantástico como quando se está amando pensa-se ser possível tudo superar, tudo perdoar, tudo calar quando falar já não basta – doce engano.

Não sei o que sinto nesse momento, não que duvide do amor que minha alma abriga, mas sim do que quero ou não, do que tenho e do que preciso. Nessas horas uma palavra de carinho, um toque de compaixão seriam bem vindos – mas estes não virão. Olho ao meu redor e tudo parece manchado de um vermelho lacrimejado por olhos ardentes. Mesmo a cerveja em meu copo perdeu o sabor, o cigarro fica pela metade queimando solitário – tão solitário quanto me sinto agora.

Ainda que possa passar por tudo isso com simples modficações de pensamento, não acredito que seja o mais sensato. Prefiro, por hora, enfrentar a imposição dos fatos e apelar por uma mudança de comportamento. Prefiro crer que além do que sinto há o que é sentido por mim, mesmo que pouco divulgado. Retratos não apreciados de momentos tão significativos ganham vida na tela que se pinta diante de meus olhos.

Essa mágoa faz valer o que o sinto, me mostra o quanto estou envolvido, ainda que faça ela, soberba, o papel de vilã. Nessas horas seria perfeito saber o que fazer com este querer todo, com essa saudade acumulada, com esses desejos retraídos – a resposta não se faz clara.

Vou seguindo a passos lentos na medida do que me é possível. Seja qual for o resultado, estou resoluto a cerca do que não quero e pretendo, acima de qualquer coisa, me poupar de sofrimentos, mesmo que isso signifique um sofrer contido do qual não poderei escapar. Não há decisões, não há pedidos. Calo-me diante de tudo e aguardo, temeroso, acuado, por uma mudança significativa no que diz respeito a amar e ser amado.


Alexandre C. Martins – 22 de agosto de 2010

Ritual Noturno


Fecho meus olhos, respiro fundo e começo o sagrado ritual diário – pensar e repensar. Manchas negras movimenta-se entre tons cinzentos até que alguma imagem se forme na busca por um entendimento. São muitos os momentos, muitos os diálosgos e ações a serem repassados – uma confusão se alastra sorrateira diante de meus olhos fechados. A dúvida me enlouque, da margem a inexatidão dos fatos. Creio que muito fácil me deixo levar, e ainda mais facil é me trazer de volta. Depois de tantas curvas espero ancioso por um reta privilegiada – que nunca chega. Quem derá poder fazer uma parada de descanço – tão merecido.

Eis a primeira imagem. Vejo você, quietinho me olhando fixamente. Não há palhavras, mas posso ler teus pensamentos. Eles me dizem que a confusão e o querer se fazem amigos e lançam brincadeiras a todo momento. Ainda que relutante te abraço, te aqueço com meu corpo e com o unico sentimento que pode ajudar enquanto digo: “Tenha calma. Dê-me a mão, venha comigo. Vou mostrar-lhe onde fica a porta de saída do dilema em questão. Apenas não lute. Dê-me a mão.”

Fim do primeiro flash. Abro os olhos e ofegante não te vejo em volta. Minha cama vázia chora tua ausência e meu corpo teme não mais tocar o teu. O desenlace final desconheço. Estas viagens não levam ao final da história, apenas ao meio. Quem dera saber o que virá. Mas uma coisa é certa. Novamente meus olhos irei fechar, não para pensar, mas apenas para te beijar e me sentir colado a ti uma vez mais.

Fecho meus olhos, respiro fundo...

Alexandre C. Martins – 05 de julho de 2010

(...)


Foi quando me enviste o primeiro ollhar que de fato percebi o perigo a espreita. Cheguei a pensar em içar âncoras e velejar o mais rápido possível, ainda que os ventos não fossem favoráveis. Eis que a vontade suprimiu a razão e dei de ombros segundos depois. Fascinado pelo brilho azul que emanavas destes olhos me despi de qualquer preocupação e me rendi ao súbito desejo de a ti me entregar. E deixo então aqui registrado: quero te amar, mesmo que me custe abdicar de minha liberdade excessiva. Ainda que possa te parecer demasiado intenso, não esqueça que de ti me visto quando do mundo já não espero muito. Deixo aqui dito o quão feliz estou e o quanto ainda tenho a te dar e receber. Que venha o amor, a dor, o intenso e o pacato. De fato, pra você cá estou.

Alexandre C. Martins – 04 de julho de 2010