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- TERCEIRO LUGAR, CATEGORIA CONTO - CONCURSO DELICATTA III - Leia o texto.

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Desabafo V



O que fazer quando é necessário ir de encontro a assuntos não agradáveis? Essa foi a indagação de hoje. Quando um simples telefonema pode mudar tudo – ainda mais quando envolve família. Já pararam pra pensar no poder que determinados familiares exercem uns sobres os outros? Principalmente quando se trata de pai e mãe. Somos intruídos a pensar que estes são inatingíveis, estão sempre corretos e que tudo farão por nós, filhos. Exato, a maioria o faria mesmo. Mas e quando essa proteção deixa de ser saudável e se torna abcessiva, invasiva?

Quando isso acontece parece que o mundo vem abaixo. Num minuto a idolatração, um segundo depois a triste realidade – nossos pais são tão humanos quanto nós . E o pior de tudo? Também erram. Como já me foi dito: “Tanto Deus quanto nossos pais escrevem certo por linhas tortas”. Talvez. Mas de fato não tomam sempre as melhores decisões. Cabe a nós enfrentá-los? Essa é uma boa pergunta.

Lutar por independência é algo nato. Queremos liberdade, queremos quebrar correntes. A questão toda reside apenas em tentar fazer isso da maneira mais branda possível. Aprendi, a duras penas, que perdoar é necessário – mas também gritar, espernear, fazer barulho, bem como se calar em determinados momentos, abaixar a cabeça e engulir qualquer vestígio de orgulho. Uma pacificação as vezes vale mais que qualquer outra coisa.

Escrevo isso pensando o seguinte: mágoas tenho muitas, assim como certamente muitas causei. Hoje sinto aquele vazio que não pode ser preenchido pro nenhum outro. Aquele cantinho destinado aos que amamos incondicionalmente. É algo a ser trabalhado, e a dez anos venho fazendo isso, arduamente. A cada passo, uma espera. A cada palavra dita, uma recompensa. Não os culpo, a vida trouxe a mim somente aquilo que me é possível suportar. Quem seria eu sem tudo o que passei? E ainda, quem sou eu pra julgar alguém? Principalmente meus pais.

Não. Essa dor, esse vazio, é facilmente esquecido, quando o substituímos por lembranças intrincecas na memória – não, na alma. Mesmo que a presença não se faça física, sei que o pensamento de vocês viaja até mim dando-me força pra continuar. Cada briga, cada gesto desajeitado, foi por um bem maior. Agradeço a vocês por quem sou hoje.

Tenho orgulho de ser seu filho.

Alexandre Cesar Martins – 24 de março de 2012

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