Conto Premiado

"45 Minutos"
- TERCEIRO LUGAR, CATEGORIA CONTO - CONCURSO DELICATTA III - Leia o texto.

Novidades

Acabo de fazer uma reforma no layout do blog. Agora os frequentadores poderão deixar recados no Mural de Recados, ou enviar mensagens privadas para meu e-mail diretamente do site. Tudo isso na barra lateral. Espero que gostem!

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Enfim...


Se chover, molha-me o rosto
Esconda a lágrima insistente

Deixa-me anuviar a dor
Mascará-la de cor

Mesmo que não suficiente
Dá-me a música necessária

Os passos da dança não recordo
Inda bailo no entardecer e espero...

A chuva tornar-se apenas água
E minhas lágrimas guarda-chuva

Alexandre C. Martins - 24 de agosto de 2009

Acorda!

A noite segue a finada lua, a luz do poste apaga
Da janela a calmaria observada - almas mortas pelo chão

Berra o sino matinal, o galo morre, resta a carcaça depenada
Com sentido ou não, acorda o homem, dorme o cão

Fogo trabalha, ferve a água. Nas mãos a força falta, retarda
Fumaça anuviada, aroma penetrante - enche o copo mais adiante

Suave sabor amargo, tanto quanto o ganha pão diário
Desespero, estômago apertado, amarra o sapato, veste o salto

Abre-te porta, nada vai entrar, o caminho é do avesso
O tic-tac não pode parar, atropela o que vê, devora a ossada

Lâmpadas ganham força, manhã escura, quase sem graça
O povo arreda pé de casa, a rua grita sufocada, piedade clama o chão

Ronca motor, mostra a dor, latente e itinerante.
Sobe e desce, aperta e encosta. Segura firme ou perde a sacola

O dia é realidade, o sol brilha quase na metade
Segue solta a alienação, sem dó nem perdão

O cachorro ainda dorme, deixa a festa para as pulgas
Logo mais a noite chega, desesperada e incontrolada

Como que desanimada, agora mede as passadas
Volta o homem ao cafofo, dorme logo que a noite dura pouco

Alexandre Cesar Martins - 10 de agosto de 2009