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Escrito por Fernando Padilha

Alexandre - personagem real, baseados em fatos fictícios


Em momentos de crise, não se desespere, pegue o feno e comece a limpar o celeiro! Pense positivo, se você tivesse que encontrar uma prova que te incriminasse e ela fosse do tamanho de um alfinete e estivesse no meio de quilos de feno, poderia ser bem pior. E com este incentivo ele saia da cama, saltitando como saci Pererê, cambaleando como um poeta desempregado e sorrindo como uma hiena no cio.
Para ele estas palavras serviam como incentivo, seu nome era Alexandre. Um latino americano perdido entre seus livros e lamúrias, que se confessava diariamente em seu blog que ninguém lia e sempre na companhia de seu único rim, doado por seu pai, que por sinal, não fala mais com ele há meses depois que descobriu sua preferência sexual!
Sem dinheiro nem pro cigarro, que ele tanto tenta deixar de lado para sempre, mas sua técnica para lidar com a abstinência não é eficaz, compra sempre o mais caro e pomposo box, que não tem diferença do maço, mas sempre é R$0,50 mais caro, e repetia consigo mesmo”Este será meu último”...Então ele fumava com tanto afinco e degustando cada tragada, que acabava se apaixonando mais ainda por este vício.
Mas quem não tem um vício? Se for para ter um vício que seja um que não mate, certo?! Todavia os que não matam não tem sentido, não tem graça e não tem perigo! E a vida já é muito tediosa para perder tempo com coisas sem risco iminente ou futuro!
Falando no futuro, o que seria desse Alexandre, que após acordar e não ter seu cigarro, pegava o último saco de café que guardava com tanto receio em seu armário, ah, o café, ele não vivia sem! Precisava de café para tudo, para levantar, para pensar, para preencher os intervalos e até para ir ao banheiro...Bom, esta última necessidade é porque ele precisava se desfazer de tanto líquido.
Alexandre vivia sua vida tranqüilamente num apartamento na capital, sozinho e zeloso em seu próprio mundo, entre quatro paredes se sentindo um defunto num caixão, trabalhava meio período como técnico em Autocad, um programa que tem nome de joguinho pra estacionar carros, mas acreditem a única coisa que ele era milimetricamente preciso, e altamente eficaz, era fazendo uma planilha no Excel. Nunca conheci ninguém tão bom em montar planilha no Excel.
Inclusive graças a esta habilidade que eu conheci Alexandre. Foi em Canelinha, uma cidade longe de tudo e perto de São João Batista, conhecida como a cidade dos calçados, talvez por isso que diziam que em Canelinha o diabo perdeu as botas. E não haveria outro lugar para encontrar o próprio Alexandre. Ele trabalhava comigo numa empresa de família que não era a máfia, e talvez por isso não ia tão bem. De qualquer forma, ele descobriu que podia ter engravidado uma mulher, senhora já, e por isso eu acabei o ajudando...Apoiando sua decisão de fazer o DNA claro, já que todo mundo é inocente até que se prove o contrário.
O desfecho do amor de Alexandre é mais complicado que seus vícios. Eu explico porque: Alexandre era viciado em sofrer por amor! Adorava estampar nas tomografias seu coração partido, adorava contar nos dedos os amores desfeitos, usava tudo isto como desculpa e ainda por cima descobriu que gosta é de homens...Talvez ele tenha escolhido o caminho mais difícil, mas talvez ele tenha sido ele mesmo, um sofredor latino americano de coração partido, de passos errantes, confuso com o próprio calendário e que acordava para ir ao trabalho em pleno feriado...
E assim termino esse epitáfio, porque vomitei tudo, como Alexandre teria vomitado, nem a gramática o endireitava, nem a moda da anorexia vencia sua nostalgia de ser depressivo. Descanse em paz no seu túmulo, localizado no limite continental desse Estado.

Por Fernando Padilha

2 comentários:

Sagital disse...

eu nao escrevi essa merda

Alexandre Martins disse...

Pois então Fernando. Vi minha vida num flash. E num geral você estava nela e de poucos amigos posso dizer o mesmo - aliás, de nenhum outro.

Fico grato por te conhecer