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Depressão em cadeia

Seguindo a filosofia da autodestruição não haveria muita saída senão encarar a própria derrota. Uma derrota adquirida pela falta de interesse em toda uma nova realidade – imposta. Os fracos num geral dão asas à imaginação, fazendo dieta à base de depressão e depreciação. Tem-se muito disso por aí. Mas ainda há de se lembrar a coisa toda por partes - mais amplas e detalhadas, fazendo destas um suporte para o entendimento, ou ao menos aceitação. Em pouco tempo pode-se ter a clareza da situação sem desgastar-se demais, sem queimar muitos neurônios.
Imagine então o abismo e a caminhada por sua borda. Olhar pra baixo é tão mais fácil que para cima não é? E que paisagem vertiginosa! A queda, o vento, a liberdade do ato ao alcance de um passo. Mas algo o impede. Esse algo é que é perigoso para a degradação recorrente. Ele é capaz de aniquilar a destruição construída com tanto afinco. Um vai não vai sem fim chamado dúvida.
A dúvida o impede de chegar ao enlace final. O impede por que é assim que o inimigo se apresenta – as novas possibilidades. Não basta cima e baixo, há também o entorno. Talvez não tão prazerosos em uma primeira análise, mas que podem vir a ser. Enfim, a dúvida gera uma guerra interna pro depressivo de carteirinha. Não que este não aprecie uma boa luta interna, claro que sim, e o faz bem, com maestria – num geral sai ganhando e afunda-se ainda mais no travesseiro. Ah, o travesseiro, parceiro de todas as horas. Está sempre ali, pronto pra receber lágrimas e mais lágrimas, pronto para confortar os pensamentos em desordem, oferecendo uma pitada de suntuosidade a depressão.
Travesseiro, abismos, bordas, vento, pensamentos desordenados. Receita perfeita para a autodestruição. Faça uso dela algumas vezes, adoeça, mesmo que só pra si. Torne sua mente um poço de invenções baratas. Complete o quadro com umas baforadas daquele cigarro mentolado vendido em qualquer boteco, e inda uma cachaça para desnortear um pouco mais.

Como é linda a depressão. Não fosse ela um meio para um fim. Literalmente um fim. Que venha a velha canoa completar o trabalho da foice afiada.

Alexandre C. Martins – 29 de julho de 2009

Um comentário:

Sagital disse...

quem te fez com ferro fez com fogo